Autismo e Inteligência


É muito comum ouvirmos pessoas fazendo a relação de autismo com inteligência e conseqüentemente com a matemática. Os meios de comunicação e o cinema ajudaram a mistificar o autista como pessoas superdotadas. Como pai de uma criança autista sempre ouço de pessoas que não tem conhecimento aprofundado sobre o transtorno falarem: “Todo autista é muito inteligente”, “Eles são muito bons em matemática” .Será que é só mito ou tem um fundamento cientifico nessas afirmações?

Existe a Síndrome de Ásperger que é uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. Alguns sintomas desta síndrome são: dificuldade de interação social, falta de empatia, interpretação muito literal da linguagem, dificuldade com mudanças, perseveração em comportamentos estereotipados. No entanto, isso pode ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto.


Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da história possuíam fortes traços da síndrome de Asperger, como os físicos Isaac Newton e Albert Einstein, o compositor Mozart, os filósofos Sócrates e Wittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o pintor renascentista Michelangelo, os cineastas Stanley Kubrick e Andy Warhol e o enxadrista Bobby Fischer, além de autores de diversas obras literárias, como no caso de Mark Haddon.

Em contraposição a isso, alguns especialista afirmam que a inteligência das pessoas com autismo é freqüentemente subestimada por testes mal adaptados e também devido a um desconhecimento por parte do público sobre este problema que dificulta a comunicação e socialização.


Uma grande quantidade de crianças autistas é submetida ao teste de Weschsler, o mais utilizado para medir o grau intelectual necessário para o bom domínio da linguagem oral. Os autistas, em geral, obtêm pontuações muito baixas.

Mas quando são avaliados com o teste de Raven, que mede as capacidades de raciocínio abstrato, no geral obtêm resultados 30 pontos acima da média.

Este resultado é suficiente para situar alguém, considerado com retardo mental segundo o teste de Weschsler, numa categoria normal ou qualificar uma criança autista que tenha obtido pontuação média na categoria dos superdotados.

Muitos autistas lembram, por exemplo, com grandes detalhes informações visuais muito mais fiéis aos não autistas.

Para Kanner, médico americano, 1943, nas situações de pessoas com capacidades excepcionais numa determinada área de interesse, como para a música, cálculo matemático, desenho, etc, chamou esses casos de "ilhas de inteligência"
.
Quando estudamos sobre as síndromes do Transtorno do Espectro autista e convivemos com pessoas deste transtorno, passamos a diferenciá-las umas das outras cognitivamente. Vemos que a capacidade de conhecimento e aprendizagem muitas vezes não estar na forma deles aprenderem e sim na forma e recursos disponíveis de ensinarmos.


Se subestimamos ou superestimamos é porque desconhecemos diversos tipos de autismo dentro do mesmo transtorno.Os pais e pessoas que tem o privilégio de conviverem com esses garotos e garotas com a inteligência que muitas vezes não conseguimos classificar, sabem o que estou falando. Aconselho aos demais a se aprofundarem no assunto tendo um contato direto com os vários tipos de pessoas com autismo.
Por Joaquim melo

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