Depoimento da Mãe da Pâmela



Fiquei grávida em 2003, descobri que era mais uma menina, já tinha uma que na época estava com dois anos. Decidi encarar a gravidez novamente sozinha, mas dessa vez seria tudo diferente, pois estava trabalhando como ACS.


Na minha gravidez foi tudo normal, no dia 02 de outubro nasceu a Pâmela de parto cesário, a coisa mais linda que eu já vi !!! Tudo parecia normal, comemoramos seu 1º aninho e até aí, tudo bem. Quando ela estava com um ano e seis meses as coisas começaram a mudar, ela ainda não andava, mas como o pai dela começou a andar com dois anos não me preocupei, ela já falava algumas palavras como: dá, vó, água, mamãe, tintia (minha prima cintia), e alguns outros nomes de pessoas de casa. Era uma menina muito ativa e adorava sair comigo e com a irmã pra passear e bater fotos, mas algo estranho estava acontecendo, ela estava ficando desatenta parecia que estava surda, falávamos com ela e ela não respondia.

Percebi que algo errado estava acontecendo. Levei Pâmela ao médico, em São Sebastião do Uatumã-Am, disse a ele que a minha filha estava ficando surda, ele me falou que estava tudo normal, pois crianças daquela idade ficavam um pouco desatentas e eu não me preocupasse que isso ia passar.

Dois meses se passaram e tudo mudou e pra minha tristeza foi para pior, vou novamente a procura de outro médico conto as mesmas coisas pra ele, (ela já estava com dois anos completos) foi quando apareceu uma historia de que a menina que tomava conta dela para eu trabalhar, tinha deixado ela cair da cadeirinha da bicicleta, então ele encaminhou para o neurologista, viemos a Manaus, marcamos consulta e a levamos.



A médica fez inúmeras perguntas sobre a gravidez e o parto contei tudo e ela diagnosticou como PC, pois eu havia feito cesária, o índice de apgar foi 0 no 1° minuto e no 5°10 ela disse que estava errado e ela não acreditava que ela tinha nascido normal e depois desenvolvido a doença, por isso, fez inúmeros testes e passou uma bateria de exames e encaminhou para vários especialistas, tivemos que passar meses em Manaus.



Voltamos a neuro ela iniciou as fisioterapias e fonoterapias. Nessa época ela já não falava quase nada e deixava aos poucos de falar, para nossa tristeza apareceram as crises de epilepsias. Precisei voltar pra Uatumã, pois tinha acabado a minha licença voltei a trabalhar, quase perdi meu trabalho. Minha mãe ficou com ela dois anos em Manaus, pois era importante que ela fizesse fisioterapia para andar. Eu ia de dois em dois meses em Manaus para ver minha filhinha. Até que decidimos voltar com ela pra Uatumã, pois o custo de vida em Manaus é alto comparado ao do interior.

Pâmela estava com 4 anos e tomava remédio controlado e tinha que está em Manaus de três em três meses para consulta e exames, já conseguia andar, mas muito feio.




Em outubro de 2009 numa reportagem da revista Despertai DOS TESTEMUNHAS DE JEOVA tinha uma reportagem do caso de uma criança que a historia era igual a da minha gatinha (síndrome de rett) essa foi a nossa alegria e tristeza, alegria por descobrir a doença e tristeza por saber que não tem cura e que a tendência é a doença se agravar. No dia em que lemos a revista, foi um chororô lá em casa, pois descobrimos que as portadoras dessa doença, a maioria morre sem razão aparente.



Em outubro desse ano, ela vai fazer sete anos, prometi uma festa bem bonita pra ela É A COISA MAIS LINDA MINHA PÂMELA. Não estuda, mas adora folhear uma revista só vocês vendo! Acreditem, ela não pega as coisa direito, mas uma revista colorida, se vira de todo jeito, gosta muito de passear mas confesso que eu não gosto muito de sair com ela, não por vergonha, mas pelas pessoas não pararem de olhar pra ela, pelo jeito como ela anda, sei lá eu não gosto! Certa vez íamos passeando aí um menino falou: “Olha como ela anda!” e riu, eu fiquei com raiva e disse pra ele: “É, cuidado! Porque ela não nasceu assim e pra ti ficar como ela, basta Deus querer!” Minha mãe fica com raiva, disse que eu fui ignorante, mas eu não agüentei, então para evitar esse tipo de coisa, prefiro não sair, mas sempre que dá saímos de moto, ela é dependente de tudo, não come só, pra tudo ela chora, usa fralda e está crescendo e ficando cada vez mais linda.


Tenho outras duas filhas a Paloma de nove anos e a Lana de três, a Lana é bem mais carinhosa, ás vezes percebo que a Paloma é indiferente com a irmã, não sei por que ela é assim, ás vezes acho que deve ser por ciúmes, pois querendo ou não, as atenções tendem a recair mais para a Pâmela, porque ela precisa de toda ajuda e carinho que podemos dar.



Minha “Pã” tem o sorriso lindo, sempre converso com ela e digo que a amo muito e que vai ficar boa, ás vezes acho até que ela me entende, tenho tantas coisas pra desabafar, mas ficamos por aqui, espero que vocês me entendam. Fiquem com Deus!!!


Eury
São Sebastião do Uatumã-Am.

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