Autismo: A Inclusão no berço


A inclusão é necessária, é possível, mas não é fácil, só que precisa ser enfrentada pelos familiares, pela escola e pela sociedade como um todo com coragem e determinação. É necessário que existam políticas públicas voltadas para o atendimento integral da pessoa portadora do transtorno do espectro autista, que vão desde o atendimento clínico, terapêutico e educacional especializado, ao acesso a parques, praias, e outras áreas de lazer e variadas formas de entretenimento.

Entretanto, Pais e familiares de autistas, não podem falar, nem muito menos exigir que esse tipo de inclusão aconteça de fato, sem que antes a inclusão se faça presente no seio familiar, tanto no sentido de conscientização dos membros da família, de conhecimento e compreensão acerca do trato com o autista, como também no sentido amplo da palavra inclusão como um valor social, não somente inserir, mas também outra questão essencial: a ACEITAÇÃO e a tolerância ao outro como um ser que existe e tem seu jeito próprio de ser e de existir no mundo.

O autista não é mais do que um sujeito que se faz presente na família e como parte integrante da mesma, deve também receber o respeito, o carinho, a atenção e os cuidados que precisa, todos devem se sentir responsáveis, afinal trata-se de um membro da família, da sua família....

Por outro lado, ninguém pode ficar o tempo todo tratando como sendo alguém que não passa de um “coitadinho” que pena! Porque ele é assim, ah se ele fosse diferente, que bom seria se ele não fosse hiperativo ou tão danado! Ah, se um dia ele aprender a ser independente!

O fato é que alguns parentes e até mesmo alguns pais, não conseguem aceitar que seu filho, geralmente o único, é portador de um transtorno que muitos nunca ouviram falar. Assim, se sentem frustrados e se dão o direito de seguir em frente como se nada de novo tivesse acontecido em suas vidas, mas isso é gravíssimo se considerarmos a importância do diagnóstico precoce para o início do acompanhamento terapêutico multiprofissional dessa criança.

Nada é fácil mesmo, mas precisamos vencer os próprios complexos e ter um objetivo comum de incluir nosso ente querido no meio social, o que significa que eles devem passar pelas etapas naturais da inserção social: família, escola, sociedade.

Os familiares devem refletir, ele existe de um jeito que muita gente ainda nem parou pra pensar: Qual a importância e o papel desse autista na família? Afinal pra que ele veio? Será que você enquanto membro da família pode fazer alguma coisa para ajudá-lo, ou auxiliar os pais que devem está sobrecarregados? Ou ao menos se interessar em saber os motivos pelos quais o autista faz coisas que você não gostaria que ele fizesse.. Já tentou conversar com ele pra ver se ele te entende e aprende como fazer as coisas corretamente? Ou pensa que é caso perdido falar com quem não fala ou aparentemente nem ouve? As experiências nos mostram que quanto mais conversamos e explicamos as coisas com clareza devagar e com firmeza, eles conseguem compreender e nos atendem na maioria das vezes...

Uma coisa é certa, não podemos negá-los o direito de participar de atividade de cunho social, pois do contrário não existe a inclusão, o que existe é apenas uma tentativa de “agradar os pais” para que não fiquem chateados, magoados. Afinal, eles são tão legais, sempre foram pessoas idôneas e maravilhosas com todos os membros da família e agora que eles têm um filho autista? Como agir?

No que concerne ao seio familiar, sem dúvidas esse deveria ser o Berço da Inclusão, pois como podemos cobrar da sociedade a inclusão da pessoa portadora do espectro autista e outros transtornos do desenvolvimento, se nem mesmo a família consegue inserir o membro autista nas suas festas, nas atividades em família ou mesmo nos passeios de domingo? As constantes reclamações de avós, tios, primos também são formas camufladas de excluir esse ente querido.

Em alguns momentos, os pais chegam a “fingir que não vêm” em outros, não é possível não se intrometerem e disparam o que fica preso na garganta contra a pessoa intolerante e incompreensível, ás vezes dá vontade mesmo é de levar o autista pra bem longe dessa gente e nunca mais deixar que o vejam, pelos menos as pessoas que não conseguem ter o mínimo de paciência com esse membro da família que tanto precisa de apoio e compreensão.

Muitas famílias, é claro, já podem se apresentar como verdadeiros berços da inclusão, que o digam os familiares do Ulisses o qual recebe amor, carinho e dedicação dos seus tios,tias,avós, primos, papai e mamãe. Se todos se envolverem no tratamento e acompanhamento desse ser, se o aceitarem e lutarem por seus direitos, fica mais fácil incluí-los na sociedade como, escola, igrejas e demais grupos sociais.

Assim, a sociedade também aceitará os portadores do transtorno do espectro autista e compreenderá seu jeito de ser, acreditando que são pessoas capazes de interagir na sociedade, ou seja, passam a enxergá-los como seres humanos inteligentes que tem potencial, habilidades específicas e outras aptidões.

Mas, sobretudo, é imprescindível ter confiança e acreditar que com muita paciência, amor e esclarecimento é possível que o autista se desenvolva muito bem e possa sentir no fundo do seu ser: que ... A INCLUSÃO COMEÇA NO BERÇO

Autora: Ana Maria Nascimento

Um comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho de vocês! Cada um fazendo sua parte fazemos a diferença. Também tenho um blog sobre educação especial/inclusiva e temas da área (deficiências: auditiva, visual, intelectual, física, múltipla, autismo, asperger, s. Down, altas habilidades etc) Há indicações de filmes na área com exibição de trailler, livros digitalizados que você pode ler, links diversos, biblioteca digital, indicações de universidades no Brasil e Exterior, reportagens, notícias, livros e artigos científicos, legislação específica e vídeos do you tu be. Se tiver um tempinho conheça, participe e siga o Blog (www.educacaoinclusiva-seo.blogspot.com). Um grande abraço, Sílvia Ester

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